Era uma vez uma menina chamada Isabel. Ela tinha onze anos e vivia numa casa muito grande. Todos os dias, depois das aulas ela ia à floresta, que ficava perto da sua casa.
Certo dia, quando ela foi à floresta, viu a sua árvore preferida e decidiu fazer uma casa para anões, pois o seu maior sonho era um dia conhecer um. Ela ficou alguns dias sem ir à floresta; por isso não sabia se estava algum dentro da casa. Mas no dia em que ela pôde ir à floresta espreitou para dentro da casa e, para seu espanto, viu um anão deitado sobre a cama, a dormir. Ela ficou espantada a olhar para ele. A Isabel não queria acordar o anão, por isso esperou que ele acorda-se. Quando ele acordou, ficou muito assustado com a presença de Isabel, mas depois acalmou.
Entretanto, passou um ano e eles já eram amigos e o anão já tinha confiança suficiente em Isabel para lhe contar a sua história, que era a seguinte: havia chegado ao parque um bando de ladrões que assaltavam pessoas todos os dias.
Havia três frades a viver no parque, numa capela. Um dia, apareceram lá os ladrões e os Frades suplicaram-lhes que não lhes fizessem mal e que não lhes roubassem nada. Os ladrões disseram que não lhes faziam mal e que não levavam nada com a condição de os frades fazerem os remédios se eles ficassem doentes. Os frades aceitaram.
Um dia, os ladrões descobriram que andava um merceeiro por aquelas bandas e decidiram roubá-lo. Mas o merceeiro, que era esperto, também sabia que eles andavam por ali e trouxe alguns homens para combaterem contra os bandidos. O chefe dos ladrões ficou mal, estava quase à beira da morte, e confessou aos frades todos os erros que tinha cometido. Ele disse onde estava o ouro que tinha roubado e pediu aos frades que os dessem a uma pessoa muito boa.
Bem tudo isto se passou há 200 anos e os frades não duraram a vida inteira, não é? Continuando, alguém tinha de ficar a cuidar do tesouro. O anão e os seus irmãos assistiram àquilo tudo e por isso ficaram eles a cuidar do tesouro; mas como não podiam ficar todos por isso fizeram um sorteio para ver quem é que ficava e calhou ao anão amigo da Isabel.
O anão disse que até àquele momento ainda não tinha encontrado a pessoa certa para dar o tesouro.
Mas havia um problema. As moedas não tinham a mesma forma das pedras. O anão disse que não havia problema, pois ele era muito bom escultor e podia transformar o ouro em forma de pedras. Ele assim o fez e ficaram todos felizes.
Autor: Sophia de Mello Breyner Andersen
Título do livro: A Floresta
Editora: Figueirinhas